A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) detalhou a apreensão de um jovem de 17 anos, no bairro Santana, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, na manhã desta quarta-feira (4), durante a execução da operação "Game End".
Desde 2024, ele é líder nacional de um grupo criminoso que atuava em vários estados brasileiros, promovendo racismo, pornografia infantil e tentativas de homicídio.
A mando dele, a organização seduzia menores e os obrigava a enviar fotos e vídeos íntimos. Posteriormente, estas mesmas pessoas eram induzidas a participarem de lives na plataforma Discord.
Pelo menos 100 pessoas entraram simultaneamente nas transmissões. Lá, o grupo criminoso promovia a automutilação dos jovens. Eles também atuavam no Telegram. A conta passa das 20 vítimas.
Segundo o delegado Joel Venâncio, titular da Delegacia Seccional de Camaragibe, durante os atos infracionais, uma menina foi obrigada a se mutilar, tendo que engolir uma lâmina. Imediatamente, por várias vezes, ela cuspiu sangue após obedecer a ordem.
A PCPE chegou ao menor após receber relatórios do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
“Essas informações foram coletadas, a partir de investigações ocorridas em todo o Brasil, a respeito desse grupo criminoso que induzia as pessoas à prática de violência, constrangendo, submetendo, principalmente, crianças e adolescentes a sessões de automutilação para satisfazer o prazer deles. Era um grupo sádico, violento, que glorificava a violência e desumanizava as vítimas”, explicou ele.
Invasão cibernética
Além das infrações acima citadas, o jovem cometeu frequentes invasões ao sistema do Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde alterava os mandados dos desafetos.
Ele, inclusive, é apontado pela polícia como o mentor intelectual de um outro adolescente que realizou uma tentativa de homicídio no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 2025. Um jovem ateou fogo num morador de rua de 46 anos em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O ato foi transmitido em live nas redes sociais.
“O morador de rua estava dormindo. Um adolescente foi e jogou nele um coquetel molotov, tocando fogo. Isso tudo foi transmitido ao vivo na plataforma Discord. Era como eles faziam. Sempre praticavam esses crimes, promoviam lives e os comentários são terríveis, porque eles sentiam prazer ao praticar esses atos violentos”, continua Venâncio.
Menor pode ter cometido outros atos infracionais
Durante a entrevista, Venâncio disse que as investigações continuam. Quando o jovem teve a internação provisória decretada, hoje, diversos aparelhos celulares foram recolhidos, o que abre precedentes para a descoberta de outros atos que podem ter sido cometidos, seja por ele ou pela quadrilha. Assim que foi recolhido, o rapaz debochou da polícia.
“Ele não demonstra qualquer arrependimento. Muito pelo contrário. Foi cínico, irônico e parecia até sentir prazer, porque na cabeça dele, essa apreensão vai lho trazer fama”, acrescentou.
O menor foi recolhido ao Centro de Internação Provisória (Cenip), onde permanecerá à disposição da Justiça.